Seminário debateu o ritmo de trabalho no polêmico frigorífico SEARA/JBS Sidrolândia
O evento contou com a presença de especialistas, representantes do MPT, de advogados, da CONTAC-CUT, FTIA-MS, CUT-MS, FTIA-PR e sindicalistas de diversas cidades de MS, SC e PR. A JBS não enviou representante.
Publicado: 12 Novembro, 2021 - 17h24
Escrito por: Sérgio Souza Júnior
Na última quinta-feira (11), foi realizado na Câmara Municipal de Sidrolândia, o Seminário “Avaliação das condições de trabalho na JBS de Sidrolândia: Tem que respeitar a NR 36”, em formato híbrido, presencial e virtual, organizado pelo Sindaves (Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Carnes e Aves de Sidrolândia), pela FTIA-MS (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de MS) com apoio da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina e da CUT-MS.
O evento aconteceu pela manhã e pela tarde e foi transmitido ao vivo pela página do Facebook do Sindaves e da CUT-MS.
O encontro tinha como foco o debate sobre a NR 36 (Norma Regulamentadora) e a situação do ritmo de trabalho da categoria. A NR 36 é a norma que traça requisitos para o controle, monitoramento e avaliação dos riscos nas indústrias de abate e processamento de carnes e derivados, com o objetivo de garantir a segurança, a saúde e a qualidade de vida no ambiente de trabalho, ela busca proteger a saúde dos trabalhadores e evitar afastamento por causa da LER (Lesões por Esforço Repetitivo), dentre elas, a mutilação por facas, que é um dos resultados mais comuns.
Conforme Joel Santos, Presidente do SINDAVES, "foi um grandioso seminário, de suma importância para os trabalhadores, durante a pandemia. O ritmo de trabalho aumentou muito, aqui eram abatidos em torno de 180 mil frangos por dia, hoje abatemos 210 mil frangos por dia [com menos mão de obra], então aumentou demais o ritmo, através disso há muitos trabalhadores afastados, hoje tem mais de 240 trabalhadores afastados pelo INSS, devido ao ritmo intenso de trabalho repetitivo" disse o dirigente.
Esta planta da SEARA/JBS tem sido alvo de extensas polemicas trabalhistas, recentemente a empresa foi flagrada oferecendo churrasco para os trabalhadores continuar sua jornada de trabalho em pleno domingo de descanso, situação que só não foi concretizada por conta das denúncias de funcionários e do sindicato, confira aqui neste link https://ms.cut.org.br/noticias/sindaves-denuncia-jbs-de-sidrolandia-por-tentar-fazer-abate-aos-domingos-eb78
Também recentemente e com receio sobretudo serem acometidos por lesões, mais de 500 trabalhadores decidiram parar de trabalhar por conta própria em virtude do aumento abusivo da carga de trabalho.
Para o Presidente da CUT-MS e da FTIA-MS, Vilson Gregório "o evento foi importantíssimo, o setor alimentação foi qualificado como uma atividade essencial que não parou na pandemia, então aqui discutimos a importância da NR 36, pois ela vem sendo atacada e o ritmo exaustivo de trabalho que está adoecendo os funcionários" disse. "E a empresa não compareceu, justamente porque ela receberia muitas críticas dos funcionários, críticas sobre o trabalho exaustivo, cansativo e penoso, onde que os trabalhadores acabam sendo lesionados, então os trabalhadores não aguentam mais e a realidade é que a empresa acaba demitindo os trabalhadores doentes e enviando para o município cuidar” ressaltou o dirigente.
Vilson reforçou a importância da participação no evento de dirigentes sindicais do Mato Grosso do Sul, tais como Aquidauana, Bataguassú, Grande, Dourados, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, além dos dirigentes estaduais e nacionais presentes.
Nelson Moreli, Presidente da CONTAC-CUT (Confederação Democrática dos Trabalhadores das Indústrias da Alimentação) participou do evento e comentou sobre o Seminário, "eu já estive aqui em Sidrolândia junto com o Siderlei Silva, que é um dos pais da NR 36, ele que era presidente da CONTAC-CUT e que lutou durante 13 anos para a aprovação da NR 36, aqui em Sidrolândia e para que a gente possa reverter uma situação que está acontecendo aqui na SEARA/JBS que é de abuso e de exploração dos trabalhadores, hoje o que está sendo produzido aqui é muito mais do que em outras unidades" afirmou Moreli.
Conforme José Modelski Júnior, Secretário Geral da CONTAC-CUT, “nós viemos aqui para discutir a situação com a categoria, para mostrar que essa superexploração que está acontecendo, ela é hoje um dos principais problemas que nós temos no setor frigorífico. Das grandes agroindústrias, não é só a JBS, mas ela tem sido a que mais tem demonstrado que está tentando se aproveitar desta conjuntura, onde temos no país um governo que está na linha de tirar direitos e de dizer aos empresários que eles podem fazer o que quiserem, mas nós vamos resistir a isso, para que haja mobilização em todo o país, de denunciar esta superexploração e de fazer com que se reverta isso”, disse.
Após os debates realizados os sindicalistas se dirigiram para o município de Campo Grande, para participarem de uma reunião que se realizou pela manhã da sexta-feira (12). O o encontro teve como objetivo debater com o MPT-MS e representantes do governo do estado as mudanças que estão sendo propostas na NR-36, na ocasião, as lideranças sindicais reafirmaram a sua luta por melhores condições de trabalho nas plantas frigoríficas.
Abaixo, você pode conferir o conteúdo do Seminário na íntegra, através dos links abaixo.
Manhã
https://www.facebook.com/100009380956828/videos/2003167993176314/
Tarde
https://www.facebook.com/100009380956828/videos/921686655438931/
Programação
Divulgação
