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Sindicato Patronal oferece migalhas aos trabalhadores da Construção Civil do MS.

Dirigentes sindicais vão buscar legalizar processo de greve a partir de segunda-feira (14).

Publicado: 11 Abril, 2014 - 18h59

Escrito por: Sérgio Souza Júnior. CUT-MS

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Após mais de sessenta dias de espera pela proposta do Sinduscon-MS (Sindicato das Indústrias da Construção Civil do MS), o patronal devolveu uma contra-proposta irrisória, que apenas cobre as perdas com a inflação, sendo que a luta do sindicato inclui igualar o piso salarial do estado que é altamente deficitário em relação à outros estados da federação e melhorar as condições de trabalho da categoria. A reunião ocorreu na manhã desta quinta-feira (10) entre representantes dos trabalhadores e do sindicato patronal, na sede do Sinduscon-MS.

Para se ter uma ideia, em São Paulo o piso do trabalhador é de R$1.300,00 enquanto que no MS é de apenas R$1.000,00, reclama o Sintracom-CG(Sindicato da Construção Civil e do Mobiliário de Campo Grande – MS) e a Fetricom (Federação Estadual dos Trabalhadores da Construção Civil e do Mobiliário do MS).

Segundo José Abelha Neto, Presidente do Sintracom-CG, “não houve avanço na negociação, mais uma vez presenciamos o descaso dos empresários aos seus colaboradores, vamos mobilizar a classe para dar uma resposta ao patronal, já que o índice de 5,39% por cento oferecido pelo Sinduscon é devido, pois são as perdas do período. Por isso a proposta é insatisfatória, o que nós queremos é ganho real, na próxima semana legalizaremos a greve nos órgãos competentes e vamos pra rua, protestar contra os baixos salários e condições de vida nos canteiros de obras”.

Perguntado sobre a proposta do Sinduscon, Webergton Sudário, o “Corumbá”, Presidente da FETRICOM afirmou “é um desrespeito ao trabalhador, que contróe o PIB do país. Esta é a prática de sempre dos patrões, os trabalhadores recebem propostas ruins de aumento salarial e tem de baixar a cabeça, o Sintracom e a Fetricom estão tentando mudar esta cultura, onde o trabalhador da construção civil não tem valor, então vamos buscar nosso direito de greve, já que eles não oferecem proposta satisfatória”.

Antecedentes

Trabalhadores apoiando o protesto das bananas.Trabalhadores apoiando o protesto das bananas.

A semana que antecedeu o dia 10 foi marcada por protestos que distribuíam bananas aos trabalhadores, em frente aos canteiros de obras. A forma irreverente do protesto buscava conscientizar os trabalhadores que a sinalização dos patrões sobre o aumento salarial era de “dar banana” para a proposta e negociação.

Mais de 200 trabalhadores da construção civil paralisaram na sexta-feira (4) os trabalhos nas obras da MRV no bairro Pioneiros em Campo Grande-MS, protestando contra a fporma como a empresa decidiu pagar seus funcionários. Segundo eles, a empresa deveria pagar a produção como incorporação ao salário, ao invés disso, ela vinha calculando a produção como sendo parte inerente ao salário, na prática isto reduziu drasticamente os salários, sendo que esta fórmula fere o acordo coletivo de trabalho desta categoria com o patronal. Após três dias de paralisação, a empresa assumiu refazer as contas, segundo o acordo firmado com os trabalhadores.

No dia 7 de abril, no período da manhã, mais de 100 trabalhadores da construção civil e os sindicalistas estiveram fazendo um protesto pacífico, em frente do Sinduscon, onde estavam reunidos, representantes das principais empreiteiras que realizam obras no Mato Grosso do Sul, debatendo entre eles, a contra-proposta de reajuste salarial dos trabalhadores.  A atividade fez parte da política do #Esquenta, desenvolvida pelo Sintracom-CG e pela Fetricom.

Mais bananas foram entregues neste protesto.Terceirizados também pararam para ouvir sindicato. Mais bananas foram entregues neste protesto.Terceirizados também pararam para ouvir sindicato.

Já no dia 9 de abril, Empreiteira J. MONTEIRO, terceirizada da empresa BROOKFIELD, abandonou trabalhadores no canteiro de obra sem pagamento e sem a rescisão de contrato. O sindicato levou o acontecido para o Ministério Público do Trabalho e o promotor acionou a empresa Brookfield, como responsável solidária, a pagar as verbas até 23/04.

O Combate à terceirização foi outra marca desta paralisação. Muitas reclamações foram recebidas pelo Sintracom-CG, em relação às empresas terceirizadas, conhecidas como "gatas”, sobretudo do tipo de tratamento e promessas não cumpridas que estes trabalhadores, mobilizados de outros estados do país sofrem, quando caem nas mãos das famosas “gatas”, agentes que oferecem o trabalho em outras regiões do Brasil, para estas grandes obras.

Agora, Sintracom-CG e Fetricom, vão buscar todo o apoio jurídico necessário, para iniciar a construção de um processo de greve, uma vez que a proposta patronal não busca melhorar as condições de trabalho de forma efetiva e nem apresenta ganho real em relação aos salários dos trabalhadores.