Menos R$ 200,00 e reajuste zero de presente no Dia dos Trabalhadores no MS
Revoltados, servidores públicos se mobilizam, garantem fala na Assembleia Legislativa e descascam o abacaxi oferecido pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB)
Publicado: 25 Abril, 2019 - 17h38 | Última modificação: 25 Abril, 2019 - 18h17
Escrito por: Sérgio Souza Júnior
Na manhã desta quinta-feira (25) diversas categorias do serviço público estadual de Mato Grosso do Sul se mobilizaram e pressionaram os parlamentares estaduais, em virtude de sua revolta com o anúncio de reajuste zero e o não pagamento do abono salarial de R$200,00 e R$100,00 reais (a depender da categoria), por decisão do governo do estado.
Como resultado, a sessão parlamentar foi interrompida para o uso cidadão da tribuna daquela casa de leis, onde Ricardo Bueno, Presidente do SintssMS, (Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social do MS), fez uma fala histórica quando apresentou dados técnicos que expõem a opção do governo estadual que em plena crise, gasta aproximadamente R$ 9 milhões de reais com altos salários em consequência do aumento de R$16,38% no salário do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e seus secretários.
Esta situação rebate em altos salários que também recebem este aumento, por conta da legislação.
Além disso, no Mato Grosso do Sul são 9 secretários de estado, mas 26 pessoas recebem salários de secretários estaduais, conforme disse Bueno.
"A gente não aguenta mais...o Estado de Mato Grosso do Sul hoje é um Hobin Hood às avessas... hoje você tira de quem ganha pouco e dá para os milionários" enfatizou Bueno.
O dirigente sindical, com referência aos dados fornecidos pelo Dieese “descascou” o abacaxi apresentado pelo governo do Estado de Mato Grosso do Sul, que não pretende pagar o abono dos servidores.
Recentemente o governo aumentou a carga horaria de 6 horas para 8 horas de milhares de servidores, além de criar um Plano de Demissão Voluntária, ações criticadas pelos sindicalistas.
Sobre o aumento da jornada de trabalho, o sindicalista foi enfático em sua fala, “quando aumenta a carga horária de uma grande maioria é uma perda de 25% do salário, quando você retira o abono, em alguns salários é mais de dez por cento, nós estamos perdendo mais de 30% de salário” disse aos deputados.
“Mas péraí os caras estão gastando 83 milhões a mais em três meses, querem economizar 20 (milhões de reais) em um ano no lombo do trabalhador que conquistou isso lá atrás... não é maldade gente, é morte, estão tentando fuzilar os trabalhadores” complementou Bueno.
Conforme declaração do governo do estadual, os servidores públicos vão ficar sem abono de R$200,00 e R$100,00 reais, a partir do pagamento de maio.
Na imprensa, representantes do governo também adiantaram que o governo não pretende aplicar reajuste zero aos salários dos servidores estaduais, que tem data-base no mês de maio.
Em contraposição a isso, o governador do estado teve aumento de 16,38% no seu salário, algo que custa aproximadamente R$ 9 milhões de reais por mês aos cofres do poder executivo, pois este aumento rebate em altos salários, conforme Bueno.
Já a incorporação do abono dos servidores públicos do Mato Grosso do Sul custaria aproximadamente R$ 6 milhões de reais.
Injusto
“Apesar de estar entre os políticos mais ricos do Brasil, com patrimônio superior a R$ 38 milhões, ele elevou o próprio salário em 16,38%, de R$ 30,4 mil para R$ 35.462,27, o maior valor pago a um governador entre as 27 unidades da federação” conforme apurou o blog “O Jacaré” do jornalista Edivaldo Bitencourt.
Mas na hora de negociar com os servidores, o governo alega estar em crise financeira.
Servidores prometem novas mobilizações caso as negociações salariais não avancem com o governo.
Comissão
Após a mobilização, a Assembleia Legislativa criou uma comissão que vai acompanhar as negociações salariais entre servidores públicos e o governo do estado, fazem parte da Comissão os deputados estaduais Cabo Almi (PT), Lídio Lopes (Patriota), Gerson Claro (PP), Capitão Contar (PSL) e Rinaldo Modesto (PSDB) como titulares e os deputados Pedro Kemp (PT), Jamilson Name (PDT), Lucas de Lima (SD), João Henrique (PR) e Felipe Orro (PSDB) como suplentes.
Mais mobilização
Servidores Públicos convocaram um protesto para o dia 30 de Abril (terça-feira), caso o governo do MS não pague o abono salarial dos servidores públicos do estado.
O ato "Tereré* na Governadoria" será realizado em Campo Grande no Parque dos Poderes, em frente da sede do governo, às 9h da manhã do dia 30 de Abril (terça-feira).
A organização é do Fórum dos Servidores Públicos Estaduais, entidade formada por sindicatos e associações representativos de mais de 40 mil funcionários públicos de Mato Grosso do Sul.
*Tereré é uma bebida típica sul-mato-grossense que se assemelha ao chimarrão gaúcho, a diferença é que esta bebida se consome gelada.
Confira abaixo na íntegra, a fala de Ricardo Bueno na Assembleia Legislativa.