Escrito por: Sérgio Souza Júnior com informações CUT e Sintect-MS
A ECT dá lucro e mesmo assim a direção da empresa quer surrupiar 70 cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalho da categoria, a greve continua.
Com paralisações em todos os estados, os trabalhadores dos Correios seguem em greve contra a redução em 40% da remuneração e a retirada de 70 cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) enquanto os Correios tiveram lucro líquido de R$ 614 milhões no primeiro semestre de 2020, a previsão é de lucro de R$ 1,5 bilhão até o final do ano.
Mesmo com resultados positivos da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, o governo de Jair Bolsonaro quer privatizar este que é um patrimônio estratégico do país, entregando os Correios para a sanha do lucro privado.
A greve vai completar um mês no próximo dia 17 de setembro, enquanto mantém a pressão, trabalhadores aguardam decisão do TST (Tribunal Superior do Trabalho), que vai deliberar através do dissídio coletivo, o desenlace desta crise.
Andreia CercariolliConforme Elaine Regina, Presidenta do Sintect-MS, a greve continua “estamos firme na luta, esperamos vencer, estamos buscando a nossa vitória, sabendo que o ataque é muito brutal, precisamos sempre estar relembrando que os Correios retiraram todos os direitos, 70 cláusulas que a gente tinha no nosso acordo coletivo. Então hoje a gente não tem nenhum direito garantido a não ser o recebimento do salário base no final, no quinto dia útil”.
Dos 100 mil trabalhadores e das trabalhadoras dos Correios, que ganham em média de R$ 1.700,00 a R$ 1.900,00 mensais, quase 70% da categoria estão em greve, segundo informações da organização do movimento grevista.
“Esta é uma greve bem forte, estamos junto com o sindicato, junto com as suas determinações que é manter as cláusulas do acordo coletivo, não aceitar essa imposição desse general que tá aí no comando dos Correios” disse Vilson Gregório, Presidente da CUT-MS.
Elaine Regina também afirma que “este é um ataque muito brutal contra os trabalhadores e as trabalhadoras dos Correios, visto que o nosso acordo coletivo foi construído e conquistado ao longo de mais de trinta anos de luta, então a gente tá resistente eh em defesa dos nossos direitos, em defesa da nossa dignidade, em defesa dos Correios como empresa pública”.
Trabalhadores dos Correios que aderiram ao movimento grevista já receberam seus contra-cheques com cortes de salário.
Há relatos de trabalhadores que tem família, filhos para criar e que receberam menos de R$500,00 por conta de sua participação na greve.
Esta situação traz muita indignação na categoria, como forma de amenizar este sofrimento o Sintect-MS conta com o apoio e a solidariedade de vários sindicatos, organizações sociais e da CUT-MS que vem colaborando com doações como forma de apoio ao movimento.
Sérgio Souza JúniorConforme Vilson Gregório “o Sintect-MS não está nessa disputa isolado, sozinho, a categoria responde a greve e nós estamos juntos, A Central Única dos Trabalhadores está aí para fortalecer a entidade filiada de muitos anos, sempre referência pra gente nas lutas. A CUT está contribuindo na campanha da arrecadação das cestas básicas para fornecer um suporte ao movimento. Outros sindicatos também estão ajudando, e isso é muito importante, mostra companheirismo de cada entidade com a outra, essa é a única dos trabalhadores e esses são seus sindicatos, assim que nós trabalhamos e vamos continuar”, disse.
Na audiência de conciliação do dia 11 de setembro, conta Amanda Corsino, dirigente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), a ministra do TST tentou várias vezes negociar. Primeiro sugeriu que houvesse um acordo em torno das cláusulas sociais, entre elas o direito das mulheres amamentarem seus filhos duas vezes ao dia e manter políticas contra o assédio moral e sexual, entre outras. A empresa se recusou. Kátia Arruda então perguntou se os Correios não poderiam aceitar manter os direitos conquistados anteriormente, sem reajustes salariais. Diante na nova negativa, sugeriu que apenas as cláusulas econômicas fossem a julgamento.
Após a direção da ECT rejeitar a proposta de mediação oferecida pela ministra Kátia Arruda do TST, a magistrada determinou que o julgamento do dissídio está marcado para o dia 21 de setembro, próxima segunda-feira.