Escrito por: Sérgio Souza Júnior
Laço Branco: CUT-MS sedia noite de reflexões essenciais sobre machismo, violência e desigualdade de gênero, destacando a importância do diálogo e ação conjunta #21DiasDeAtivismo
A CUT-MS sediou uma noite incrível de debates no contexto dos #21DiasDeAtivismo, dedicados à luta pelo fim da violência contra as mulheres, dia 6 de dezembro, o Dia do Laço Branco, também referenciado como o Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência Contra as Mulheres. Sindicalistas, ativistas e militantes sociais uniram forças para enfrentar a urgência diante do alarmante número de feminicídios e violência de gênero em nosso país.
O debate, realizado na sede da CUT-MS, contou com a valiosa contribuição do Professor Dr. Fábio da Silva Souza, da UFMS de Nova Andradina, e de Alexandre Júnior Costa, Presidente do SINTSS/MS, sob a mediação da Professora Msc Maria Rosana, foram discutidos um retrato da situação e também ações para apoiar a luta contra a violência que afeta as mulheres.
Estimulando a reflexão sobre o tema da noite, o professor Fábio, frisou que “em todos os enredos de filmes de sessão da tarde, a mulher executiva, comanda grande empresa, mora no topo do seu prédio, mas não no palco de sua vida, todos os filmes hollywoodianos, da linha das comédias românticas, a mulher só é plena se ela está com um homem, ela não pode ser plena sendo ela mesma”.
Ele também citou letras de músicas que chamaram sua atenção, “Bezerra da Silva, Eu só sei que a mulher que engana o homem, Merece ser presa na colônia, Orelha cortada, cabeça raspada, Carregando pedra pra tomar vergonha” e citou Camisa de Vênus, “Você me diz que não tá mais saindo. Mas eu desconfio que cê tá me traindo. Ô Silvia, piranha!!! Ô Silvia, piranha!!! Vive dizendo que me tem carinho. Mas eu vi você com a mão no pau do vizinho. Ô Silvia, piranha!!! Ô Silvia, piranha!!! Todo homem que sabe o que quer. Pega o pau pra bater na mulher. Ô Silvia, piranha!!! Ô Silvia, piranha!!! Ô sua puta!”.
Fábio também citou trecho da letra da música Run For Your Life, que na tradução para o português, seria assim: “Bem, eu preferiria te ver morta, garotinha do que com outro homem. Melhor pensar bem, garotinha, ou não vou saber onde estou. É melhor você se salvar, se puder, garotinha. Esconda sua cabeça na areia, garotinha. Te pegar com outro homem é o fim, garotinha. Bem, você sabe que eu sou um cara mau e que eu nasci com uma mente ciumenta. E eu não posso desperdiçar minha vida tentando fazer você ficar na linha. É melhor você salvar sua vida, se puder, garotinha. Esconda sua cabeça na areia, garotinha. Te pegar com outro homem é o fim, garotinha. Que isso seja um aviso, falo sério tudo o que disse. Baby, estou determinado e prefiro te ver morta. É melhor você se salvar, se puder, garotinha.” música dos Beatles.
O professor sugeriu na sequência das citações musicais, “o que fazemos com isso? Cancelamos tudo? Ou pensamos o que? Que o patriarcado era tão poderoso neste sentido que cabia um universo que eles poderiam cantar isso e mulheres também, como Elza Soares que no início da carreira cantou músicas aqui que colocava as mulheres abaixo do homem, e o patriarcado é assim, [tão poderoso] que fez com que essas músicas fossem escritas e cantadas, tanto por homens quanto por mulheres, como podemos lidar com isso?”, questionou.
Alexandre Júnior Costa, Vice-Presidente da CUT-MS, apresentou um retrato no campo da esquerda sobre o tema, reforçou em sua opinião que “o movimento sindical, o partido, o parlamento são um ambientes machistas e eu não acredito que uma sociedade socialista vá romper com essas coisas. A esquerda é machista, homofóbica e racista, vamos assumir isso, pois nós somos também produtos da sociedade que vivemos”. Alexandre reforçou que foi no espaço sindical, este ambiente machista que abriu os olhos para ele, que reforçou, quando a gente discute, estamos entre homens e mulheres, mas quando a gente sobe para analisar o poder, a maioria é homem, “no ambiente de trabalho as mulheres têm salário menor, ela tem dificuldade de derrepente ir pra direção do sindicato, mais que o homem, outra instância que maltrata a mulher é a família, ela tem que ter muita coragem pra romper alí, e a terceira, que acho a mais cruel, é a religião, principalmente a religião abraâmicas, acho que elas são a base da sociedade do patriarcado” disse.
Maria Rosana, mediadora deste espaço de debates, sobre a questão dos espaços de poder serem ocupados por ampla maioria de homens, relembrou uma recente declaração dada por um entrevistador famoso ao entrevistar um parlamentar federal do PL, recentemente em seu programa de entrevistas, “e dái lá pelas tantas, o Roberto Dávila disse, fazer política é namorar homens mesmo, como se referisse a política é um lugar de engolir sapos, fazer negociações”, disse Maria Rosana que relatou ter ficado chocada com a cena, arrancando risos perplexos da platéia.
Cléo Bortolli, Secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-MS, ressaltou a importância de debater o tema no âmbito sindical e incluir o assunto nos cursos de formação. “Percebemos que temos de avançar, não basta apenas ter os eventos para falar, nós mulheres, para nós mulheres, sobre a violência que nós mulheres sofremos” reforçou a dirigente, que enfatizou a necessidade de envolver os homens na discussão sobre violência de gênero, reconhecendo que é fundamental que eles compreendam e reconheçam a posição da mulher na sociedade.
Cléo destacou a importância de evoluir para alcançar a igualdade entre homens e mulheres. A Secretária também ressaltou a relevância da discussão que também partiu de mandatos políticos e são estes que podem fortalecer a construção de leis que combatam a violência contra a mulher, criando legislações mais robustas e eficazes para diminuir os índices diários de assédio sexual e violência.
Dilma Gomes, Secretária Geral da CUT-MS, destaca a relevância do evento, avaliando que o evento foi articulado por dois mandatos parlamentares, uma vereadora e uma deputada, conectando-se aos movimentos sociais feministas, incluindo a Marcha Mundial de Mulheres e a Coletiva Sempre Vivas.
A Secretária Geral da CUT-MS enfatiza a instituição do Laço Branco, e reforça a importância de homens falarem para homens, focando na desconstrução do machismo. A palestra do professor Fábio e a fala de Alexandre foram consideradas fundamentais por Dilma, destacando a necessidade de cada homem conscientizar-se e desconstruir o machismo dentro de si. Dilma ressalta a obrigação dos movimentos sociais, partidários e sindicais nesse processo, defendendo que esse encontro deve ocorrer mais vezes. “É de suma importância trazer esse tema para as formações, para as nossas atividades, pois não basta lutar contra a violência, é necessário dialogar, tratar homens e mulheres igualmente, respeitando a igualdade entre as pessoas, ombro a ombro”, disse Dilma.
A direção da CUT-MS agradece ao público que prestigiou e contribuiu com o debate para enriquecer este diálogo tão importante. Juntos e juntas, continuaremos a promover a conscientização e ações concretas para construir um futuro livre de violência de gênero. Esta iniciativa, foi desenvolvida pela Coletiva Sempre Vivas, Marcha Mundial das Mulheres, Vereadora Luiza Ribeiro (PT), Deputada Estadual Gleice Jane (PT) e Secretaria da Mulher Trabalhadora da CUT-MS.
Sérgio Souza Júnior