Escrito por: Sérgio Souza Júnior

Ato Fora Bolsonaro aconteceu em Campo Grande e em diversas cidades do interior

A CUT-MS fortaleceu o movimento, que contou com ampla participação de estudantes, sindicalistas e militantes de movimentos sociais pelo impeachment do presidente do país.

Sérgio Souza Júnior
Divulgação

Aconteceu na manhã do último sábado (29), em Campo Grande uma manifestação pelo impedimento de Jair Bolsonaro, um ato de resistência democrática aos ataques do governo federal à educação pública, a falta de vacinas, a luta contra a Reforma Administrativa e o escandaloso número de mortes pela pandemia, foram o estopim do movimento, que aconteceu em diversas cidades do estado e do país.

Na capital, a concentração do ato começou por volta das 8h da manhã, em frente ao portão 2 da UFMS. Logo em seguida a manifestação seguiu o caminhão de som em caminhada até a rotatória do Estádio Morenão, atravessando o Pontilhão e retornando até o portão principal de acesso à Cidade Universitária.

Conforme Vilson Gregório, Presidente da CUT-MS “mais de mil pessoas estiveram presentes, a juventude, os estudantes, as centrais, sindicatos, viemos dar o nosso recado para toda a sociedade que este governo que está aí não tem condições de ficar no poder, um governo irresponsável, genocida, nós queremos comida no prato e vacina no braço, queremos emprego, queremos vida, são mais de 450 mil vítimas da COVID-19 e esse governo não compra vacina, fica brincando de governar e a CPI está demonstrando toda esta situação” disse.

O Presidente da CUT-MS reforçou que "o ato foi belíssimo, estivemos desde às 8h da manhã em frente da universidade protestando, esta foi mais uma manifestação e enquanto esse governo estiver aí, nós não vamos parar, fora bolsonaro" enfatizou o dirigente.  

Sérgio Souza JúniorVilson Gregório, Presidente da CUT-MS.

O ato contou com uma presença expressiva de jovens que saíram na rua para exigir mais verbas par a educação. A vereadora Camila Jara (PT) estudante da UFMS, esteve presente apoiando o movimento e fez ações de divulgação de seu projeto Renda Básica Municipal, que prevê o pagamento de R$300,00 para famílias em situação de vulnerabilidade social em Campo Grande.

Marco Aurélio Estéfanes, Presidente da ADUFMS (Associação dos Docentes da UFMS) criticou os cortes de 18% das verbas da UFMS em um total de R$ 26,5 milhões de reais, além dos cortes nas bolsas do CNPQ.

A organização da manifestação foi protagonizada por estudantes, com apoio do MST, da CUT-MS e seus sindicatos filiados e da Frente Fora Bolsonaro em MS, entre outros movimentos sociais.

A coordenação do protesto reforçava a todo o momento a necessidade de distanciamento social, o uso correto de máscaras e álcool gel durante o trajeto. Durante várias ocasiões, o protesto parou para reorganizar o distanciamento social, com os/as manifestantes criando o distanciamento ao esticar os braços até a próxima pessoa, em um gesto de cuidado com seus participantes.

Sérgio Souza JúniorCruzes representaram as vítimas da COVID-19

E a democracia?

O ato estava organizado para ser encerrado com uma ação simbólica em frente do paliteiro da UFMS, uma obra que conforme o site da própria UFMS, foi inspirada na juventude e o compromisso da universidade com a formação universitária.

Porém neste sábado, o seu acesso foi bloqueado, chegando a produzir uma cena contraditória, pois a manifestação que estava repleta de jovens, também tinha um foco muito objetivo com a defesa da educação e contra os cortes no orçamento das universidades brasileiras.   

Neste sentido a juventude não pôde acessar o paliteiro da UFMS para realizar seu ato simbólico, pois seu próprio símbolo lhe foi negado. A decisão dos manifestantes então, foi de instalar as cruzes em frente ao portão principal de acesso à universidade. 

A manifestação que pedia o Fora Bolsonaro, ao ser impedida de concluir sua ação simbólica gritou em palavra de ordem, “Fora Turine” em alusão ao Reitor da UFMS.

Dourados

Por conta do Lockdown, estabelecido pela prefeitura da cidade, a manifestação convocada pelo Comitê de Defesa Popular foi cancelada, a entidade que existe há mais de 30 anos e que protagoniza ação de mobilizações populares na região, emitiu uma nota pública esclarecendo os motivos da decisão. 

"Nos deparamos com uma investida desproporcional contra o direito fundamental à manifestação e que visa, antes de mais nada, a desmobilização dos movimentos e protestos. Isso, mesmo com todas as medidas e protocolos de segurança previstos pela nossa organização e mesmo com a constatação de que a omissão e a irresponsabilidade das autoridades é que fez com que nossa cidade chegasse à situação crítica atual" diz trecho da nota que você confere na íntegra no final da matéria.

Corumbá

A região pantaneira, também protagonizou manifestação pelo impeachment de Bolsonaro, conforme a organização do movimento, convocado pelo Comitê Popular de Enfrentamento à Pandemia de Corumbá e Ladário, o protesto tinha aproximadamente 30 pessoas, representantes de entidades e movimentos sociais em quantidade pré-estabelecida, como uma forma de cuidado para evitar a concentração de muitas pessoas.

A manifestação aconteceu em local simbólico, em frente da rotatória do Poli Esportivo de Corumbá, situado no encontro das ruas Porto Carreiro com a Frei Mariano, que fica justamente em frente do ponto fixo de vacinação da cidade.

O protesto foi representativo de Corumbá e Ladário por “todas as ações deste governo [que] tem sido destrutivas e genocidas, todas as ações que ele tem feito no Brasil todo, nós também estamos sentindo na pele aqui” disse Simone Yara Benites, que é membra da Secretaria Operativa do Comitê Popular de Enfrentamento à Pandemia de Corumbá e Ladário.

Conforme Simone, a cidade não tem testes da COVID-19 na rede pública, a questão maior da manifestação foi a luta por vacina e pelas vidas que poderiam ser poupadas e também “pela renda dos trabalhadores e trabalhadoras, que merecem respeito e dignidade, por um governo que planeje e coloque a vida das pessoas em primeiro lugar, fora isso tem a questão do pantanal, as questões ambientais que para nós é muito simbólica, o desdém e retirada de direitos dos trabalhadores, da educação, as ameaças ao funcionalismo público, ao SUS, enfim, todas estas lutas maiores são nossas lutas aqui também” reforçou Simone que também é membra do SIMTED de Corumbá e da Marcha Mundial de Mulheres.   

Três Lagoas

A manifestação aconteceu na praça Ramez Tebet, no centro da cidade e contou com uso de álcool gel, máscaras e a participação de aproximadamente 200 pessoas, que defenderam a vacinação massiva da população, o auxílio emergencial de R$600,00, mais verbas para educação entre outros. O evento levou às ruas professores, sindicalistas, estudantes e militantes de partidos políticos.

Bonito

A cidade também registrou protesto contra o presidente Jair Bolsonaro, manifestantes utilizaram cruzes simbolizando as milhares de pessoas vítimas da COVID-19, elas foram instaladas na Praça da Liberdade, uma ação que causou polêmica nas redes sociais, a manifestação exigia vacina no braço e comida no prato, indicando a ineficiência do governo federal contra o avanço da fome no país e pela vagarosa vacinação da população.

site bonito mais 

Confira abaixo a nota completa que suspendeu a manifestação na cidade de Dourados.

Nota - Suspensão da organização do ato 29/05

A Coordenação do Comitê de Defesa Popular e uma das entidades que o compõem receberam, na tarde de hoje (28), um comunicado do Ministério Público Estadual recomendando que a manifestação prevista para amanhã não seja realizada por conta das medidas restritivas e de biossegurança. 

O comunicado explicita: “Por meio do presente, o senhor, na condição de Coordenador do Comitê está sendo diretamente cientificado de que, acaso seja realizado o evento que acarrete a aglomeração de pessoas, haverá a responsabilização de todos os envolvidos, no âmbito cível e criminal (artigo 268 do Código Penal), com toda a proporcionalidade que o caso demanda.” 

As entidades que compõem o comitê, diante desta recomendação do MP que prevê a criminalização das manifestações, se sentiram intimidadas. Nesse sentido e pela preservação das organizações e dos militantes de suas bases, o Comitê de Defesa Popular está suspendendo a organização do ato previsto para amanhã (29), marcado para às 08h na Praça Antônio João. 

Nos deparamos com uma investida desproporcional contra o direito fundamental à manifestação e que visa, antes de mais nada, a desmobilização dos movimentos e protestos. Isso, mesmo com todas as medidas e protocolos de segurança previstos pela nossa organização e mesmo com a constatação de que a omissão e a irresponsabilidade das autoridades é que fez com que nossa cidade chegasse à situação crítica atual. 

Diante do teor da recomendação e acreditando que ela se estende para além da organização da manifestação, a tornamos pública para que todas as pessoas que pretendiam sair às ruas amanhã tenham conhecimento. 

Por fim, orientamos que as pessoas se manifestem de formas seguras, que se mobilizem pelas redes sociais e que fortaleçam a divulgação das ações que acontecerão em outras cidades.

 

Fora Bolsonaro!

Solidariedade e luta.

 

Dourados - MS, 28 de maio de 2021.

Comitê de Defesa Popular de Dourados

*abaixo você confere mais imagens do protesto em Campo Grande

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